Coleção: # orixás coloridos

"(...) lançar luz sobre a simbologia desse culto para o nosso entendimento como nação."

Série por: Gui Valverde

Orixás um trabalho sobre as 16 divindades cultuadas pelos iorubás no Sudoeste da atual Nigéria, mas igualmente no Benin e Norte do Congo, transpostas para o Brasil através dos africanos escravizados. Trata-se de projeto idealizado por Guilherme Valverde na sua volta para o Brasil, depois de dois invernos em Berlim. 

Na obra, Gui Valverde recupera sua origem, voltando-se para as “coisas da Bahia”, sua terra natal, a partir das entidades afro-brasileiras. Nessa busca, encontrou o Tata Kylonderu do Unzó — Kyloatala – Território Cultural Bantu, localizado em Embu-Guaçu/SP. Ao lado do seu zelador e mestre de cultura popular, Gui foi adentrando o mundo encantado das entidades de maneira profunda. Dessa forma, começaram a nascer os desenhos, até formarem um padrão determinado por um Grid.

Por trás dos desenhos, há também uma clara intenção política. Recuperar o místico que há em uma religião cujas origens se confundem com a nossa formação, significa lançar luz sobre a simbologia desse culto para o nosso entendimento como nação. Fazer esses mitos retornarem em novas concepções é também uma forma de louvá-los, mas sobretudo uma forma de levar essa história secular para os jovens ouvintes, porque embora não se trate de um projeto didático, há nele uma intenção formativa consciente e, a nosso ver, absolutamente necessária.


“Os Orixás precisam estar em todos os lugares, não é apropriação, é resistência.”

Tata Kylonderu - Kyloatala Angola

 

Misturar as cores foi muito natural no trabalho. Cada Orixá carrega o seu fundamento de cor – por exemplo, Exu: preto e vermelho. Então, as representações gráficas foram coloridas no fundamento do encantamento dos Orixás. Quando juntos, vemos uma única forma: as cores. Elas se unem e surge uma mistura com a intenção de inibir o preconceito de cor. A ordem dos Orixás foi determinada pelo Xirê – entrada dos orixás nas danças no barracão. 


-----

Gui Valverde é soteropolitano e desde pequeno aprendeu a misturar as cores com seu pai no papel, na música e na comida. Tem o desenho gráfico como paixão e a direção de arte como “ofício”.

É um artista de sentimento. Trafega pela música, pelo áudio visual, artes gráficas, fotografias e comida. Hoje se dedica ao silêncio da arte, buscando algum sentimento aos olhares “estrangeiros”.